terça-feira, 1 de março de 2016

MINISTRO (JORGE) FERRÃO NÃO QUER TELEMÓVEIS NAS SALAS DE AULAS

Até parece que algum ministro, director nacional da educação, director provincial, distrital, director de escola ou mesmo professor tivesse permitido o uso de telemóveis na sala de aulas. Mas, esse é o título cujo conteúdo agita muitos dos cidadãos que têm a capacidade e a disposição para a leitura do que é publicado nos nossos órgãos de informação e nas redes sociais. Alguns artigos do facebook fazem analises sobre a atitude e o discurso do ministro da educação e desenvolvimento humano em relação ao uso do telemóvel na sala de aulas pelos alunos e pelos professores.

Uns apresentam um conjunto de argumentos a favor e outros contra o banimento do uso dos telemóveis na sala de aulas. Esses dois grupos apresentam os seus argumentos como se fossem peritos em ciências da educação. Mas um é perito em ciências de educação com o uso de tecnologias na sala de aulas e o outro sem o uso das tecnologias.

Os que fazem parte do primeiro grupo argumentam que o uso de telemóveis na sala de aulas pode contribuir para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Pode ser verdade. Mas, que telemóveis é que devem ser usados para tal? Todos? Em que momentos o telemóvel deve ser usado na sala de aulas para que os alunos possam passar de classe? Se for para cada aluno usar o telemóvel no momento em que ele bem entender e pesquisar o que ele bem quiser durante a aula, que pensemos para onde vamos com isso. Se o professor planificar uma aula e notar que, usando o telemóvel, é possível atingir os objectivos do ensino aprendizagem, por que é que não se pode usar esse aparelho? Contudo, podemos sempre perguntar quantos alunos têm o tipo de telemóvel que o professor possa achar adequado para o sucesso da aula por si planificada. A menos que se confirme que qualquer telemóvel possa ser usado no processo de ensino-aprendizagem.

Quanto aos que fazem parte do segundo grupo, os peritos em ciências da educação sem o uso das tecnologias na sala de aulas, estes defendem que com o banimento do telemóvel, a melhoria do aproveitamento pedagógico para o ano de 2016 está garantido a 100%. Exagerando um pouco! (risos). Esses falam como se tivessem feito uma pesquisa na qual se detectou a causa das reprovações em massa registadas em 2015 – o telemóvel é o responsável por tudo isso. Embora possa ser verdade que o telemóvel contribua em certa medida para o fracasso do processo de ensino aprendizagem, ele não pode ser o único sacrificado em detrimento das outras causas mais graves (fraca formação dos professores, insuficiência de material escolar ou chegada tardia do mesmo às escolas, currículo de ensino ineficiente, entre outros factores sociopolíticos, económicos e culturais, etc.).

Vamos perceber uma coisa. A grande preocupação dos dois grupos que discutem é de melhorar o aproveitamento pedagógico que, de acordo com o Diário da Zambézia, foi abaixo dos 80% em 2015. Considero que a intenção seja essa. O número aqui referido, representa a percentagem dos que passaram de classe e não os que tiveram sucesso no processo de ensino- aprendizagem. É muito diferente. Quando se fala de aproveitamento pedagógico, considero que se está a falar dos indivíduos que passam de classe. Será que todos os que passam de classe reflectem o sucesso do processo de ensino- aprendizagem? Há fracassados que passam de classe, não? Há muita gente que passa de classe sem saber ler e nem escrever.

Na minha opinião, o debate sobre o assunto do uso ou não do telemóvel na sala de aulas (para a melhoria do desempenho e do aproveitamento pedagógico) exige um debate que envolva indivíduos com sólidos conhecimentos sobre o Desenvolvimento Curricular e Modelos de Ensino assim como das metodologias, métodos e técnicas do ensino. A inclusão dos telemóveis no processo do ensino-aprendizagem exige, no meu entender, a formação (capacitação) de professores para tal e também a capacitação dos alunos que já usam os telemóveis para aprender o que quer que seja. Para não excluir os alunos que nunca tiveram um telemóvel na sua vida, é necessário que alguém lhes proporcione primeiro os aparelhos e em seguida lhes dê formação/capacitação para que estes os possam usar para o seu desenvolvimento escolar.

Marcos SINATE

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