segunda-feira, 20 de abril de 2015

Abelhas não querem a reabilitação do Jardim Tunduru



Durante as obras de reabilitação do Jardim Tunduru na cidade de Maputo, um enxame paralisou as obras durante quase uma hora. Trabalhadores correndo de um lado para o outro, abandonando as obras e os seus instrumentos de trabalho é um cenário que se verificou no dia 4 de Fevereiro do ano corrente, contundo as obras não pararam.
Antes mesmo do fim das obras de reabilitação, o jardim acima referido já se apresenta com um nível considerável de beleza, resgatando a sua característica de lugar paradisíaco no centro da cidade de Maputo. É neste lugar em que havia visitas de estudo realizadas por alunos das escolas primárias, secundárias e também por estudantes universitários. Para além das visitas de estudo, este jardim constituía um dos lugares privilegiados para tirar fotografias por ocasião de eventos como casamentos, baptizados, entre outros, sem nos esquecermos de incluir os que à este lugar se dirigiam para encontros românticos, ler jornal ou revistas, escrever livros e poemas, etc.
Aguardamos ansiosamente para ver abertas as portas desse maravilhoso jardim e podermos lá passear, comportando-nos sempre como ‘‘bons’’ cidadãos (não deitar lixo no chão, não arrancar as plantas, não urinar em locais impróprios, não pescar e nem tomar banho nas piscinas, etc).
 
Abram o olho para ver brevemente a beleza do nosso Jardim Tunduru que está de volta!!!

Marcos SINATE

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Reinventar Mossambiki



Foi lançada ontem no Centro Cultural  Brasil Moçambique (CCBM) a obra de poesia intitulada ‘‘Reinventar Moçambique’’ cujo autor é Anísio Buanaissa, artisticamente Bwana Yesu. Trata-se duma obra que segundo o seu escritor procura mudar a visão que os moçambicanos têm em relação a sua vida sociopolítica, cultural e económica e desenvolver um espírito de cidadania e sobretudo da moçambicanidade, com vista a valorização da diversidade sociocultural de Moçambique para o alcance da unidade nacional.
Tive a ocasião de participar desse evento e adquiri o livro. Decidi participar do referido evento apenas por ter ouvido o título da obra na rádio (RM – Emissão Nacional), aquando duma entrevista com o escritor Bwana Yesu. Questionei-me sobre o significado de ‘‘Reinventar Mossambiki’’ (Moçambique). Afinal de contas, Moçambique foi inventado? Para que este país seja reinventado significa que ele é resultado duma invenção. Como terá sido inventado? Quem será o responsável pela sua reinvenção? De que maneira foi, é e será (re)inventado? Só lendo a obra para responder a essas perguntas! (É um convite para os que não têm fobia do livro).
Eu tentei responder a essas perguntas mesmo antes da leitura da obra. Sentei-me diante dum ecrã de computador e comecei a escrever as minhas primeiras ideias para responder às perguntas que eu mesmo me coloquei. E comecei da seguinte maneira:
Sim, Moçambique foi inventado. O nome Moçambique foi inventado. Mas, como? Há várias ideias segundo as quais o nome provém duma personagem de origem árabe de nome Mussa Bin Bique ou Mussa Al Mbique mas não encontrei detalhes sobre a personagem referida. Contudo, é assim que se acredita ter inventado o nome Moçambique, que se referia, no passado, ao actual espaço geográfico denominado Ilha de Moçambique. É esse nome que em seguida foi reinventado para se referir a um espaço geográfico maior que é o actualmente denominado Moçambique, que foi reinventado ainda pelo traçado das suas fronteiras geográficas como um país.
Moçambique foi geograficamente inventado pelo traçado dos seus limites geográficos. Esse facto pode ser compreendido ao verificar que os referidos limites (fronteiras) são físicos e/ou políticos mas não são necessariamente socioculturais. Existem por exemplo pessoas que residem nas zonas fronteiriças e que partilham usos e costumes semelhantes ou iguais como a língua, as danças, a gastronomia, etc. Lembro-me de ter feito viagens para os distritos de Matutuíne e Catuane e ter constatado que os seus habitantes tendiam a identificar-se em termos de línguas de vestimentas com os sul africanos. Acredito que isso ocorra também em outras regiões fronteiriças. Então, as fronteiras geográficas de Moçambique foram inventadas e podem ser reinventadas.
A (re)invenção sociocultural, económica e política de Moçambique é efectuada pelos não moçambicanos residentes ou não do país e pelos próprios moçambicanos. Os primeiros inventam um Moçambique que é caracterizado pelos três C’s (crises, catástrofes e calamidades) que caracterizam quase todos os países de África. É com base nessas características que justificam a sua intervenção no país para ajudá-lo a atingir o desenvolvimento através de investimentos de vária ordem e em diversas áreas económicas e provavelmente socioculturais também. Os segundos por sua vez inventam um Moçambique caracterizado pela marrabenta, pela timbila, pelo mapiko, pela matapa, pelas belas praias, etc. e até fala-se de um Moçambique caracterizado pelo 3/100. Não posso e nem devo excluir a interessante expressão, que é muito corrente nos discursos de alguns nacionais porém carregada de muitos significados: ‘‘Moçambicano é assim!’’. A partir dessa expressão, creio eu que cada pessoa poderá inventar hoje e reinventar amanhã o Moçambique que quiser.
Bwana Yesu já reinventou Moçambique assim ‘‘Mossambiki’’. Bwana Yesu já reinventou a cultura moçambicana colocando mais uma obra nas suas bibliotecas. Bwana Yesu já reinventou o grupo dos escritores moçambicanos de poesia. Bwana Yesu já reinventou a minha estante de casa colocando nela mais um livro de poesia.

Marcos SINATE

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Segurança sem segurança

Pôr em risco a sua vida para dar segurança aos bens dos outros é um fenómeno que se tem verificado na cidade de Maputo e provavelmente em outras cidades moçambicanas também. Este fenómeno ocorre de dia e de noite. Homens ocupam-se dessas actividades provavelmente para buscar recursos para a sua sobrevivência e a de sua família. É realmente uma actividade que é exercida com esse objectivo. Contudo, não deixa de ser uma actividade que desumaniza o cidadão. Os cidadãos supostamente das classes mais altas aproveitam-se da fraqueza dos supostamente mais fracos socioeconomicamente para desumaniza-los. 

 Sendo a nosso país munido de leis que visam reger e proteger a vida dos cidadãos na sociedade (segurança e higiene no trabalho), o que se pode dizer em relação aos cidadãos que se colocam como agentes de segurança ora em cima ou atrás dos camiões carregados de produtos e bens de diversa ordem, sem condições nenhumas de segurança? Que medidas podem ser tomadas para evitar que empresas ou mesmo pessoas singulares coloquem a vida dos outros cidadãos em risco para garantir a protecção dos seus bens? Será que a polícia tem o poder de sancionar esses actos?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Recibos sem identificação do emissor



É frequente nos mercados, mercearias, lojas de venda de electrodomésticos e outros bens, encontrar recibos sem a identificação do estabelecimento que o emite. Será essa prática legal?
Passeando pela cidade de Maputo e arredores, é possível encontrar em alguns estabelecimentos comerciais dois blocos de recibos. Um dos blocos corresponde a um conjunto de papéis semelhantes a recibos. Os papéis de tamanho A5 ou A6, não têm o nome do estabelecimento comercial, nem o endereço e nem o número de telefone, fax ou ainda e-mail do mesmo. Será que estes comerciantes estão a seguir as recomendações dos responsáveis pela fiscalização da actividade comercial?
Em caso de problemas com o produto comprado, como é que o cliente teria a possibilidade de apresentar a sua reclamação, visto que o vendedor/comerciante tem, nesses casos, todo o poder de negar que o produto tenha sido comprado no seu estabelecimento?
Num dos estabelecimentos, apresentei essa questão mas o que aconteceu é que o vendedor arrancou-me o produto e mandou-me comprar em outro lugar. Fui a um outro estabelecimento e o comerciante passou-me um recibo com toda a identificação do estabelecimento, mas o preço do produro já tinha aumentado. Não será esse fenómeno associado à famosa fuga ao fisco? Será que essa prática tem lugar sem o conhecimento dos inspectores comerciais? Estaria o Ministério das Finanças a receber impostos de estabelecimentos comerciais sem identificação? Que fenómeno é esse? Será esse fenómeno benéfico para as entidades de cobranças de impostos e para o desenvolvimento da sociedade?