quinta-feira, 27 de junho de 2013

Jardim botânico transformado em Jardim "hídrico" e zoológico



Este jardim, um ‘’Lugar muito especial e agradável. O Jardim Botânico de Maputo, outrora conhecido como Jardim Vasco da Gama e agora denominado Tunduru, é um espaço localizado bem no centro da cidade onde se podem observar inúmeras espécies de árvores e plantas Africanas.’’ (http://mblog.canalblog.com/archives/2006/08/26/5336019.html). 
Neste discurso, o que ainda constitui a realidade deste jardim é apenas o nome e a sua localização. Já não é um lugar especial e nem agradável; Já não é necessariamente um jardim botânico; As árvores e plantas que lá se encontram, já não são autenticamente africanas e já não são numerosas. São árvores e plantas sem identidade, pois perderam as placas que as identificavam. Só as próprias árvores e plantas, provavelmente, sabem o que elas são.

O jardim Tunduru era o local preferido dos namorados e de passeio para os recém-casados que amavam tirar fotografias para as suas belas recordações. Vários outros públicos dirigiam-se a este local, como é o caso de crianças e jovens estudantes em passeio. Era um local de passeio, de estudos e de visitas escolares.

Mas, ultimamente este lugar é um autêntico sinistro. Cheio de água escorrendo por todo o lado,  sob a forma de rios que vão desaguar no Índico ou no Pacífico. Na realidade, esses fluxos de água vão desaguar na Avenida Samora Machel e se estendem sob a forma dum oceano. No dia em que vi aquelas águas descendo pelas ex- vias reservadas aos visitantes do jardim, perguntei-me se as inundações não teriam atingido a cidade de Maputo sem que tivesse chovido. Este jardim transformou-se em residência de malfeitores que atacam as pessoas mesmo durante o dia. Os peixes habitam as ruas que estavam reservadas para a circulação das pessoas. Assim, pessoas e peixes já partilham o mesmo espaço físico. Só que, como as pessoas não se podem tornar aquáticas, evitam os riachos pulando-os. Mas, por vezes, quando não pulam devidamente, molham-se os sapatos e mesmo as calças. 
Para circular em alguns lugares dentro deste ex-belo jardim, temos que estar munidos de botas de borracha, calções e, se possível, uma arma de fogo para se defender dos malfeitores e dos cães raivosos que nele vivem. 
Algumas das áreas deste jardim são usadas como casas de banho para o tratamento da higiene pessoal. Há ainda os que o transformam em local para tomar o seu almoço e deixar o lixo espalhado sobre a relva sob pretexto que não existem lixeiras.

Mesmo assim, ainda há informações não actualizadas em sites Internet, dizendo “Das típicas Acácias aos bonitos Jacarandás, é possível encontrar de tudo um pouco.” Neste ex-jardim? Pergunto-me eu. Esse discurso já não cola com a realidade que se vive no ex-Jardim Vasco da Gama.

O próximo Presidente do Município de Maputo deveria dar uma olhadela nas antigas fotos deste jardim e procurar restabelecer a sua beleza em pelo menos 99%. Não devemos deixar o nosso património sucumbir desta maneira. Se for necessário que haja eleições, já votei pela reabilitação deste jardim e não pela sua transformação em outra coisa que não seja o que ele sempre foi. 
Abram o olho para esta realidade e façam algo para a sua mudança. Ignorar realidades destas, não deve fazer parte da nossa cultura social e nem da cultura política.








sábado, 8 de junho de 2013

Bem-vindo à cidade de Maputo, cuidem-se das covas nos passeios!



Nesta cidade devemos andar rastejando. Se andarmos a galopes como o fazemos habitualmente, ficaremos sem as nossas pernas. Tive a vontade de escrever sobre este assunto quando vi uma criança turista quase a cair numa das covas que se encontra em frente da catedral de Maputo. A criança estava a tentar encontrar uma posição adequada para tirar uma fotografia da catedral quando o seu acompanhante gritou para que ela tomasse cuidado.
 
Há covas semelhantes àquela, visíveis em quase todas as ruas da nossa bela cidade. Mas, não sei se são suficientemente visíveis à noite para serem evitadas. Não me estou a referir às covas provocadas pelas chuvas ou pelo desgaste das estradas provocado pelos automóveis. Refiro-me às covas racionalmente construídas com um determinado objectivo, mas que parecem ter ganho outros significados e já têm outras funções.
Na minha cidade, essas covas são usadas como latrinas, banheiras, poços de água para a lavagem de carros, latas de lixo e armas brancas. Como armas brancas, diria eu em jeito de brincadeira, devem estar a ser usadas pelo Estado moçambicano para quebrar as pernas dos manifestantes. Mas, não só os manifestantes circulam por esses passeios, há turistas que de nenhum modo podem ser vistos como manifestantes. Gosto de brincar. Isso faz-me muito bem! E, como latrinas, banheiras, poços de água para a lavagem de carros, latas de lixo são, não raramente, as utilidades que os cidadãos atribuem a essas covas. Mas, apesar dessas funcionalidades, entendamos que essas covas são uma verdadeira ameaça à saúde física e mental de todos os que circulam pela cidade.
O medo de cair numa dessas covas, faz com que os cidadãos ocupem a sua mente com mais um elemento ao qual se devem adaptar para circular quase tranquilamente em Maputo. Alguns cidadãos já se adaptaram ao lixo e convivem com ele de forma quase que natural e reproduzem-no. Mas, não é o lixo que aqui nos interessa. São as covas que não devem ser tapadas com terra batida, mas com a aplicação dos conhecimentos científicos e aparentemente racionais que foram usados para a sua construção.
Entendendo que do mesmo modo que se afirma haver falta de meios para a resolução dos vários problemas de saneamento na cidade de Maputo, a questão relacionada com as covas possa ser vítima das mesmas razões. Assim, nós, os cidadãos de Maputo, teríamos que tomar medidas que nos protejam da vergonha e que possamos circular tranquilamente nesta cidade, sem temer danos físicos nos nossos organismos. Tentemos nos alertar todos para tomarmos cuidado. Poderíamos, por exemplo, colocar sinais de perigo em toda a cidade. Na entrada da cidade: Bem-vindo à cidade de Maputo, cuidem-se das covas nos passeios! Perdoem-nos, ainda não temos meios para tapá-las.