domingo, 21 de abril de 2013

O Governo é empregado doméstico do povo?

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF4g3mGtT4eksBc0IasIUCb7bu2-fzWcoFMv8rTxDb5j2AVvlcV6PLh1yewYhJ9ZG52Wdv2sQ2tKojjd6u0VHImG9FN1aWZf9fJRZfOMVy2c7owaPJw0MxMco9KHEdGmekbGyEycVgVxmV/s1600/106_1504.JPG
Moçambicanos, nós espalhamos o lixo que nós produzimos por toda a cidade e afirmamos que o Governo é que é o responsável pela sua recolha. Mas, constatamos, já há muito tempo, que o responsável não se ocupa das suas tarefas e não sabemos por que razões.
É através do nosso voto de confiança que atribuímos a um indivíduo ou a um grupo o papel de nos governar e ele(s) convida(m), por sua vez, os seus ‘‘amigos’’ para o(s) auxiliarem governação das nossas pessoas. Assinamos um contrato com ele(s) ao depositarmos nele(s) o nosso voto. É assim que o afirmam os filósofos contratualistas, se não me engano. O(s) nosso(s) governante(s) têm direitos e deveres e nós também. Deste modo, temos o direito de exercer a nossa influência sobre ele(s) de modo a melhorar(em) as nossas condições de vida e nós também temos que colaborar para que o trabalho dele(s) seja efectivo. Temos que verificar se as suas promessas estão ou não a ser cumpridas e questionarmos em caso de incumprimento. Eu gostaria ainda de poder sancioná-lo(s) em caso de incumprimento, mas duma maneira em que as consequências das ditas sanções recaíssem somente sobre ele(s).  
O problema que se coloca é que nós nos esquecemos de colocar no nosso contrato, as sanções pelo incumprimento das suas promessas. Fazemo-lo de forma arbitrária (espalhamos lixo pelas ruas, partimos garrafas nas praias, urinamos nas árvores, e postos de iluminação da cidade, queimamos lixo nos contentores, etc). Quando votamos, nós nos esquecemos de informar aos nossos dirigentes que queremos que eles recolham o lixo que nós espalhamos pela cidade e não somente o que se encontra nos poucos contentores disponíveis na nossa cidade. As nossas sanções são debatidas informalmente nas barracas e ‘‘chapas’’, geralmente na ausência dos governantes, e são imediatamente aplicadas. Penso que sancionamos injustamente os nossos governantes, as nossas cidades e os nossos bairros e sobretudo a nossa saúde.
Não é o Governo que circula todos os dias pelas avenidas e ruas das nossas cidades, somos nós. Não é o Governo que espera o ‘‘chapa’’ num lugar imundo, somos nós. Não é o Governo que nada na praia suja e com garrafas partidas, somos nós. Não é o Governo que se alimenta em lugares sujos, somos nós. Vejam que pensamos estar a sancionar o outro, mas na realidade nós nos auto sancionamos da forma mais selvagem.
Se quisermos sancionar o nosso Governo, temos que mudar de contrato. Temos que assinar um contrato no qual os nossos governantes deverão, provavelmente, desempenhar o papel dos nossos empregados domésticos (no sentido moçambicano) e poderemos sancioná-los como bem entendermos, desde a tortura (psicológica, física, étnica, cultural) até a expulsão sem indemnização. Mas, teremos antes que nos certificar da eficácia e eficiência de tais sanções.
 
Prestemos muita atenção nas sanções que aplicamos aos outros. Não institucionalizemos a sanção do espalhamento do lixo na cidade como algo cujas consequências recaiam somente sobre o Governo, pois este comportamento mostra que estamos muito equivocados em relação a sua funcionalidade.
Juntos por uma cidade e um bairro limpo…

Sem comentários:

Enviar um comentário