terça-feira, 2 de abril de 2013

A cor do cheiro !

Na minha escolinha aprendi que o ar é uma matéria gasosa sem cor, cheiro, sabor, forma e nem tamanho determinado. Eu gostava da disciplina que se chamava Ciências Naturais. É realmente nesta disciplina que aprendi isso. Quando eu saía da escola, conseguia confrontar com a realidade tudo o que estava escrito no livro, o que o professor repetia e nós também repetíamos, O ar não tem cheiro! O ar não tem cor! Víamos e sentíamos isso nesta nossa cidade.
Mas, no meu actual país e cidade, esta verdade já não é evidente. Encontro-me numa cidade cujas fotografias tenho vergonha de mostrar aos meus amigos. Receio que eles exijam máscaras de proteção das narinas antes de ver as fotos. – Assim falava lamentando o meu avô Wakampfumu.
É uma realidade em Maputo vermos lixo que desfila pelas ruas e grandes avenidas da bela cidade. Os cidadãos afirmam geralmente que isso ocorre pela falta de contentores para neles colocarem a imundice. Será essa a real razão? Pelo que vejo existem contentores de lixo na cidade embora insuficientes.
Diz-me por que tu deitas lixo nos passeios, ruas e estradas desta cidade, oh cidadão!

Tu mesmo reconheces que a falta de contentores é um falso discurso que tu produzes e reproduzes nos mais novos, para poderes te livrar do lixo em qualquer ponto da cidade. As vezes dizes que deitas a tua embalagem de rebuçado no chão porque a cidade já está suja e que um simples papel não acrescenta nada. Não imaginas quantas pessoas estão a praticar o mesmo acto naquele momento!
Será a limpeza da cidade apenas da responsabilidade do Governo ou do Conselho Municipal como tens afirmado? E nós como cidadãos, qual é o nosso dever? Vamos defender a nossa legitimidade de deitar o lixo no chão por falta de contentores?
Não pretendo desta maneira procurar culpados pelo lixo espalhado pela cidade e artérias de Maputo. Pretendo é levar os cidadãos residentes ou não desta cidade a reflectir sobre a aparente normalização da convivência com o lixo na nossa urbe.
Uso a expressão ‘‘aparente normalização’’ por considerar que eu possa me estar a enganar ao afirmar que não haja cidadãos (des)preocupados com a limpeza da cidade. Então, reservo espaço para que se expressem e mostrem que reconhecem este problema como uma realidade cuja resolução não depende de um nem do outro indivíduo ou grupo, mas de todos nós.
Devemos todos colaborar para que a nossa ex-Lourenço Marques não seja mais uma cidade em que o cheiro ganha cores representativas e simbólicas. As cores das nossas ruas, avenidas prédios não devem simbolizar a cor do cheiro nauseabundo. Esta cidade deve resgatar as suas cores e criar novas mais agradáveis aos olhos e às narinas. Ah, a cidade das acácias! Não criemos discursos falsos para legitimar a presença de lixo na nossa cidade, mesmo reconhecendo que ela já esteja suja. O meu avô Wakampfumu deve recuperar o seu sorriso e tirar a vergonha de mostrar as fotos da sua querida cidade aos seus amigos estrangeiros nacionais e internacionais nesta bela urbe das acácias.
A responsabilidade é toda nossa como cidadãos vivos!!!

1 comentário:

  1. Esta mudanca de habito passa necessariamente da mudanca de comportamento perante o ambiente em que vivemos, educando ambientalmente o cidadao para que tenhamos um ambiente almejavel e saudavel.

    Nehemias Joel Mungoi

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