Este jardim, um ‘’Lugar muito especial e agradável. O Jardim Botânico de
Maputo, outrora conhecido como Jardim Vasco da Gama e agora denominado Tunduru,
é um espaço localizado bem no centro da cidade onde se podem observar inúmeras
espécies de árvores e plantas Africanas.’’ (http://mblog.canalblog.com/archives/2006/08/26/5336019.html).
Neste discurso, o que ainda constitui a realidade deste jardim é apenas o nome e a sua localização. Já não é um lugar especial e nem agradável; Já não é necessariamente um jardim botânico; As árvores e plantas que lá se encontram, já não são autenticamente africanas e já não são numerosas. São árvores e plantas sem identidade, pois perderam as placas que as identificavam. Só as próprias árvores e plantas, provavelmente, sabem o que elas são.
O jardim Tunduru era o local preferido dos namorados e de passeio para os recém-casados
que amavam tirar fotografias para as suas belas recordações. Vários outros públicos
dirigiam-se a este local, como é o caso de crianças e jovens estudantes em
passeio. Era um local de passeio, de estudos e de visitas escolares.
Mas, ultimamente este lugar é um autêntico sinistro. Cheio de água escorrendo por todo
o lado, sob a forma de rios que vão desaguar no Índico ou no Pacífico.
Na realidade, esses fluxos de água vão desaguar na Avenida Samora Machel e se
estendem sob a forma dum oceano. No dia em que vi aquelas águas descendo pelas ex- vias reservadas aos visitantes do jardim, perguntei-me
se as inundações não teriam atingido a cidade de Maputo sem que tivesse chovido. Este jardim
transformou-se em residência de malfeitores que atacam as pessoas mesmo durante
o dia. Os peixes habitam as ruas que estavam reservadas para a circulação das
pessoas. Assim, pessoas e peixes já partilham o mesmo espaço físico. Só que, como as
pessoas não se podem tornar aquáticas, evitam os riachos pulando-os. Mas, por
vezes, quando não pulam devidamente, molham-se os sapatos e mesmo as calças.
Para circular em alguns lugares dentro
deste ex-belo jardim, temos que estar munidos de botas de borracha, calções e,
se possível, uma arma de fogo para se defender dos malfeitores e dos cães
raivosos que nele vivem.
Algumas das áreas deste jardim são usadas como casas
de banho para o tratamento da higiene pessoal. Há ainda os que o transformam em local para tomar o seu almoço e deixar o lixo espalhado sobre a relva sob pretexto que não existem lixeiras.
Mesmo assim, ainda há informações não actualizadas em sites Internet,
dizendo “Das típicas Acácias aos bonitos Jacarandás, é possível encontrar de
tudo um pouco.” Neste ex-jardim? Pergunto-me eu. Esse discurso já não cola com
a realidade que se vive no ex-Jardim Vasco da Gama.
O próximo Presidente do Município de Maputo deveria dar uma olhadela nas
antigas fotos deste jardim e procurar restabelecer a sua beleza em pelo menos 99%. Não devemos deixar o nosso património sucumbir desta maneira. Se for necessário que haja eleições, já votei pela reabilitação deste jardim e não pela sua transformação em outra coisa que não seja o que ele sempre foi.
Abram o olho para esta realidade e façam algo para a sua mudança. Ignorar realidades destas, não deve fazer parte da nossa cultura social e nem da cultura política.
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