Mas, questionemo-nos sobre a proveniência destes materiais que constituem
instrumentos preciosos para o desenvolvimento académico, político, cultural e
mesmo espiritual (bíblia). Estariam as bibliotecas a eliminar alguns livros
tidos como antigos e por isso não lidos? Não estariam as bibliotecas das nossas
escolas sendo saqueadas por indivíduos preocupados apenas com o desenvolvimento
económico individual?
Geralmente, os livros que se encontram nas bancas das ruas aparecem identificados
com o carimbo e referência das prateleiras das respectivas bibliotecas donde
eles são retirados. Mas, nessas livrarias ambulantes da cidade de Maputo, os
livros passam por uma série de cirurgias para fazer desaparecer a identidade de
proveniência do livro. Os carimbos são raspados, recortados ou ainda a página
contendo o carimbo é arrancada.
Se considerarmos que os livros estão nas bancas dos vendedores ambulantes
porque as bibliotecas retiraram-nos das suas prateleiras por falta de leitores ou
por redução da sua importância, por que razões esses materiais passam por
cirurgias? Note-se que alguns dos livros que se encontram nas livrarias
ambulantes são novos e nem sempre apresentam carimbo de alguma biblioteca. Qual
é a proveniência desses últimos? Os vendedores ambulantes também já importam
livros? Não pretendemos insinuar que haja roubos nas livrarias, mas procurar
perceber a proveniência desses livros, assim como procuramos saber da
proveniência dos outros produtos de que somos consumidores.
Um livro que se encontra numa biblioteca, beneficia numerosos leitores.
Mas, um livro tirado da biblioteca e vendido na rua, beneficia apenas o
comprador, que provavelmente após a leitura, arquiva-o na sua prateleira (se
tiver) como propriedade privada e legítima. Mas, é também dessas prateleiras
das bibliotecas de casa que provavelmente alguns dos livros vendidos na rua
saem. Por isso, as bibliotecas que morrem não são somente as públicas, mas
também as individuais (da casa ou do escritório), não?
Sem comentários:
Enviar um comentário