sábado, 6 de julho de 2013

A morte de bibliotecas ocorre somente em Maputo?



O comércio ambulante de livros na cidade de Maputo é uma realidade visível em quase todas as suas esquinas, nas proximidades duma escola ou não. É possível encontrar uma diversidade de livros, desde os livros de diversão aos de produção científica.
Mas, questionemo-nos sobre a proveniência destes materiais que constituem instrumentos preciosos para o desenvolvimento académico, político, cultural e mesmo espiritual (bíblia). Estariam as bibliotecas a eliminar alguns livros tidos como antigos e por isso não lidos? Não estariam as bibliotecas das nossas escolas sendo saqueadas por indivíduos preocupados apenas com o desenvolvimento económico individual?
Geralmente, os livros que se encontram nas bancas das ruas aparecem identificados com o carimbo e referência das prateleiras das respectivas bibliotecas donde eles são retirados. Mas, nessas livrarias ambulantes da cidade de Maputo, os livros passam por uma série de cirurgias para fazer desaparecer a identidade de proveniência do livro. Os carimbos são raspados, recortados ou ainda a página contendo o carimbo é arrancada.
Se considerarmos que os livros estão nas bancas dos vendedores ambulantes porque as bibliotecas retiraram-nos das suas prateleiras por falta de leitores ou por redução da sua importância, por que razões esses materiais passam por cirurgias? Note-se que alguns dos livros que se encontram nas livrarias ambulantes são novos e nem sempre apresentam carimbo de alguma biblioteca. Qual é a proveniência desses últimos? Os vendedores ambulantes também já importam livros? Não pretendemos insinuar que haja roubos nas livrarias, mas procurar perceber a proveniência desses livros, assim como procuramos saber da proveniência dos outros produtos de que somos consumidores.
Se alguém estiver a contribuir para o empobrecimento contínuo das nossas bibliotecas para resolver problemas individuais que necessitem de valores monetários, quem será esse indivíduo? Será algum funcionário da biblioteca? Será algum estudante ou outro tipo de leitor? Ou são todos eles? Não haverá outros mecanismos de resolver os seus problemas financeiros?
Um livro que se encontra numa biblioteca, beneficia numerosos leitores. Mas, um livro tirado da biblioteca e vendido na rua, beneficia apenas o comprador, que provavelmente após a leitura, arquiva-o na sua prateleira (se tiver) como propriedade privada e legítima. Mas, é também dessas prateleiras das bibliotecas de casa que provavelmente alguns dos livros vendidos na rua saem. Por isso, as bibliotecas que morrem não são somente as públicas, mas também as individuais (da casa ou do escritório), não?





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