sábado, 8 de junho de 2013

Bem-vindo à cidade de Maputo, cuidem-se das covas nos passeios!



Nesta cidade devemos andar rastejando. Se andarmos a galopes como o fazemos habitualmente, ficaremos sem as nossas pernas. Tive a vontade de escrever sobre este assunto quando vi uma criança turista quase a cair numa das covas que se encontra em frente da catedral de Maputo. A criança estava a tentar encontrar uma posição adequada para tirar uma fotografia da catedral quando o seu acompanhante gritou para que ela tomasse cuidado.
 
Há covas semelhantes àquela, visíveis em quase todas as ruas da nossa bela cidade. Mas, não sei se são suficientemente visíveis à noite para serem evitadas. Não me estou a referir às covas provocadas pelas chuvas ou pelo desgaste das estradas provocado pelos automóveis. Refiro-me às covas racionalmente construídas com um determinado objectivo, mas que parecem ter ganho outros significados e já têm outras funções.
Na minha cidade, essas covas são usadas como latrinas, banheiras, poços de água para a lavagem de carros, latas de lixo e armas brancas. Como armas brancas, diria eu em jeito de brincadeira, devem estar a ser usadas pelo Estado moçambicano para quebrar as pernas dos manifestantes. Mas, não só os manifestantes circulam por esses passeios, há turistas que de nenhum modo podem ser vistos como manifestantes. Gosto de brincar. Isso faz-me muito bem! E, como latrinas, banheiras, poços de água para a lavagem de carros, latas de lixo são, não raramente, as utilidades que os cidadãos atribuem a essas covas. Mas, apesar dessas funcionalidades, entendamos que essas covas são uma verdadeira ameaça à saúde física e mental de todos os que circulam pela cidade.
O medo de cair numa dessas covas, faz com que os cidadãos ocupem a sua mente com mais um elemento ao qual se devem adaptar para circular quase tranquilamente em Maputo. Alguns cidadãos já se adaptaram ao lixo e convivem com ele de forma quase que natural e reproduzem-no. Mas, não é o lixo que aqui nos interessa. São as covas que não devem ser tapadas com terra batida, mas com a aplicação dos conhecimentos científicos e aparentemente racionais que foram usados para a sua construção.
Entendendo que do mesmo modo que se afirma haver falta de meios para a resolução dos vários problemas de saneamento na cidade de Maputo, a questão relacionada com as covas possa ser vítima das mesmas razões. Assim, nós, os cidadãos de Maputo, teríamos que tomar medidas que nos protejam da vergonha e que possamos circular tranquilamente nesta cidade, sem temer danos físicos nos nossos organismos. Tentemos nos alertar todos para tomarmos cuidado. Poderíamos, por exemplo, colocar sinais de perigo em toda a cidade. Na entrada da cidade: Bem-vindo à cidade de Maputo, cuidem-se das covas nos passeios! Perdoem-nos, ainda não temos meios para tapá-las.

1 comentário:

  1. Uma triste realidade de uma cidade que já foi um centro de comentários lindos

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