É através do nosso voto de
confiança que atribuímos a um indivíduo ou a um grupo o papel de nos governar e
ele(s) convida(m), por sua vez, os seus ‘‘amigos’’ para o(s) auxiliarem
governação das nossas pessoas. Assinamos um contrato com ele(s) ao depositarmos
nele(s) o nosso voto. É assim que o afirmam os filósofos contratualistas, se
não me engano. O(s) nosso(s) governante(s) têm direitos e deveres e nós também.
Deste modo, temos o direito de exercer a nossa influência sobre ele(s) de modo
a melhorar(em) as nossas condições de vida e nós também temos que colaborar
para que o trabalho dele(s) seja efectivo. Temos que verificar se as suas
promessas estão ou não a ser cumpridas e questionarmos em caso de incumprimento.
Eu gostaria ainda de poder sancioná-lo(s) em caso de incumprimento, mas duma
maneira em que as consequências das ditas sanções recaíssem somente sobre ele(s).
O problema que se coloca é que
nós nos esquecemos de colocar no nosso contrato, as sanções pelo incumprimento
das suas promessas. Fazemo-lo de forma arbitrária (espalhamos lixo pelas ruas,
partimos garrafas nas praias, urinamos nas árvores, e postos de iluminação da cidade, queimamos lixo nos
contentores, etc). Quando votamos, nós nos esquecemos de informar aos nossos
dirigentes que queremos que eles recolham o lixo que nós espalhamos pela cidade
e não somente o que se encontra nos poucos contentores disponíveis na nossa
cidade. As nossas sanções são debatidas informalmente nas barracas e ‘‘chapas’’,
geralmente na ausência dos governantes, e são imediatamente aplicadas. Penso que
sancionamos injustamente os nossos governantes, as nossas cidades e os nossos
bairros e sobretudo a nossa saúde.
Se quisermos sancionar o nosso
Governo, temos que mudar de contrato. Temos que assinar um contrato no qual os
nossos governantes deverão, provavelmente, desempenhar o papel dos nossos
empregados domésticos (no sentido moçambicano) e poderemos sancioná-los como
bem entendermos, desde a tortura (psicológica, física, étnica, cultural) até a
expulsão sem indemnização. Mas, teremos antes que nos certificar da eficácia e eficiência
de tais sanções.
Prestemos muita atenção nas
sanções que aplicamos aos outros. Não institucionalizemos a sanção do
espalhamento do lixo na cidade como algo cujas consequências recaiam somente sobre
o Governo, pois este comportamento mostra que estamos muito equivocados em
relação a sua funcionalidade.
Juntos
por uma cidade e um bairro limpo…